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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ratzinger e os rumos da teologia contemporânea. Parte II

Creio que a principal luta elencada por Ratzinger para seu pontificado foi com a secularização. E penso que sua escolha de atuação foi correta, ele sabia bem dos riscos de uma sociedade plenamente secularizada que cada vez empurra a igreja para fora de suas decisões. E ao produzir esta série de artigos tenho em mente fazer uma leitura de como o Papa via esta ação e como a teologia tem reagido a estas teses da contemporaneidade. 

Em setembro de 2010 em missa celebrada na capela da St Mary's University College, em Londers o Ratzinger fala contundentemente sobre "uma tirania nazista que tenta erradicar Deus da sociedade" . Por esta afirmação já podemos fazer uma ligeira ideia do conceito que o Papa tinha sobre a secularização. 

Gostaria de esclarecer que sob meu ponto de vista teológico, defendo o governo laico, não gostaria de viver sob a gestão de um sistema político baseado em uma religião. Mas isto não significa a defesa de uma sociedade laica, muito pelo contrário, o governo democrático deve defender os valores do povo que lhe escolheu. Porém o que vemos é não raras vezes governos tentando "laicaizar"  a sociedade.  

A secularização da sociedade, e diria que este é um problema muito mais grave na Europa, acarreta problemas muito sérios uma vez que a tendência é da fragilização dos valores éticos e morais. Problemas desestruturantes do próprio ser humano são catalizados. Quando Ratzinger citou o nazismo relacionando com a ausência de Deus na sociedade ele sabia muito bem o que queria dizer, uma vez que como alemão vivenciou de perto a idolatria a um sistema político-econômico de poder. 

O desafio da teologia contemporânea é re-inserir Deus na sociedade, é criar pontes para que os conceitos sociais levem em consideração os conceitos da religião, e como cristão protestante refiro-me aos preceitos bíblicos, porém este diálogo deve ser aberto, exercido através do amor que Cristo nos ensinou, porém sem negociarmos os fundamentos da fé. 
Mas como fazer isso? Como nos fazermos escutar? Quais são os problemas sintomáticos com que fazem com que o cristianismo acabe sendo irrelevante para os rumos da sociedade? 

Vamos tentar discutir um pouco mais no próximo post. 

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