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segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Nova Eclésia - Parte I

Será que o nosso modelo de Igreja ainda atende as necessidades do indivíduo do séc. XXI?

Será que o nosso modelo de liturgia é relevante para a mentalidade do nosso século?

Estas são perguntas difíceis de se fazer, pois parece que o formato da igreja e da liturgia são intocáveis.

Por vezes temos nos mantidos arraigados a um tradicionalismo, que talvez hoje, não tenha mais sentido ou significado. Este modelo tem se perpetuado pelos séculos, é o modelo da sinagoga que passa para cristianismo com pequenas mudanças.

No decorrer dos tempos este modelo fica um pouco mais aprimorado no catolicismo romano, mas sua estrutura básica não muda, louvor, oração, palavra, uma grande quantidade de pessoas escutando e uma falando.

Na reforma protestante este formato se perpetuou nas igrejas evangélicas, e invariavelmente continua o mesmo. Uma das poucas novidades que a reforma traz, que não é propriamente litúrgica, é a escola bíblica, onde se poderia aprender um pouco a mais com relação a escritura.

Porém será que esta estrutura da igreja e da nossa liturgia deve continuar a mesma?

Para defender a manutenção desta estrutura, não podemos sequer recorrer às escrituras, uma vez que Jesus não usava a sinagoga para seu discipulado e sequer deixou um formato para seguirmos. Porém Jesus nos deixou pistas de como deveria ser a Eclésia, ou melhor, de como deve ser a comunidade cristã do futuro.

Jesus reunia os seus discípulos informalmente, onde apresentava as questões religiosas para discussão e aprendizado, ou seja, o foco era o aprendizado e o desenvolvimento humano, a transformação de indivíduos em pessoas.

O nosso modelo cúltico não apresenta nenhuma opção, ou raras opções, para o crescimento do indivíduo. O pior que muitas vezes faz justamente o contrario, faz com que as pessoas fiquem cada vez mais imaturas e dependentes da estrutura religiosa. Não possibilitam a avaliação critica do mundo ao seu redor.

Jesus fazia com que aqueles que o ouviam, ousassem pensar criticamente e avaliarem as estruturas religiosa e secular a sua volta para que pudessem se manifestar contra aquilo que estaria impedindo a evolução do reino de Deus.

Será que o nosso modelo de igreja ou liturgia faz isso?

Considero nosso modelo litúrgico baseado em uma interpretação antropológica errada do ser humano. Há um conceito generalizado no meio cristão que Deus criou o homem para o seu louvor, ou seja para ser adorado pelo homem, desta forma o culto é praticamente centrado no “louvor” a Deus. Não me parece que o relatado em Génesis na criação do homem seja isso.

Em nenhum momento vemos Deus exigindo de Adão que este ficasse o adorando e louvando, vemos sim o relato de Deus procurando um relacionamento com a sua criatura. Deus desejava um relacionamento para que haja um crescimento do homem, e este crescimento é espiritual, psicológico, intelectual.

Sempre achei que nós cristãos deveríamos fazer mais diferença na sociedade do que fazemos, em alguns aspectos até acho que trazemos prejuízos para a sociedade, não raro vemos cristão homofóbicos, racistas e machistas achando que está fazendo o que "Deus" esta ordenando.

Creio que isso acontece porque estes cristãos estão despreparados intelectualmente para agirem na sociedade para propagarem verdadeiramente o reino.

Estes cristãos não têm um discipulado que os faça com que cresçam verdadeiramente,que desenvolvam suas potencialidades intelectuais, que seus problemas psicológicos sejam tratados para que possam ser pessoas melhores. Hoje vivemos um cristianismo individualista, interesseiro e superficial, um cristianismo egocêntrico.

Para que o cristianismo volte a ser relevante isto tem que mudar e esta mudança devem ser teológica e cultica/litúrgica. O principal fator que deve ser mudado é esta concepção antropológica

Este é apenas uma posição inicial do quê deve ser mudado, penso que ainda há mais coisas. Outra coisa ainda é o como mudar.

Essa deve ser a reflexão a ser feita na sequência.

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