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segunda-feira, 16 de junho de 2008

Onisciência - Parte II

Análise do texto

37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e que apedrejas os que foram enviados a ela, quantas vezes quis (eu) reunir os filhos teus, assim como (uma) ave (= galinha) reúne os filhotes ( = os pintinhos) dela sob as asas, e não quisestes.

O início do texto demonstra claramente a posição de Jerusalém com aqueles que tentam abrir seus olhos, o tratamento que é dado para os que falam em nome do Senhor, e é uma posição que se repete pelo tempo, notamos isto no termo apostellw (apostello)[1], “foram enviados” a análise deste termo não deixa dúvidas da forma como ele foi utilizado, uma vez que a tradução para o significado básico é: ordenar (alguém) para ir a um lugar estabelecido, e a palavra está no tempo perfeito[2] do grego, na voz passiva[3], assim sendo fica claro que Jesus estava se referindo, a todos aqueles, incluindo Ele, que foram enviados da parte de Deus com uma mensagem de arrependimento e exortação para Jerusalém e que foram recebidos de forma agressiva e suas mensagens não foram aceitas.

Nota-se pelo que já observamos que há uma clara contraposição e uma confrontação de desejos, por um lado Jesus demonstra o desejo de Deus no decorrer da história de agregar e proteger o povo Judeu, a palavra posakiv (posakis) que significa vezes (ou quantas vezes)[4], pode ser entendido também como quão freqüente, e neste ponto entendemos que Jesus está falando na perspectiva de Deus, uma vez que toda a frase está dentro de um contexto histórico, não é coerente pegarmos apenas está parte do texto e afirmar que Jesus estava falando da sua vontade enquanto homem na terra. Outra palavra que reforça o entendimento é a afirmação de que Deus “quis”, (no texto grego yelw thelo ou eyelw ethelo : querer, ter em mente, pretender; 1a) estar resolvido ou determinado, propor-se; 1b) desejar, ter vontade de; 1c) gostar) e isto é obvio em toda a Bíblia, que o povo estivesse junto a Ele, sob sua proteção, mas isso acarretaria a observação aos mandamentos divinos.

Na seqüência, fica claro a resistência do povo, “(...) e vós não quisestes”, a palavra utilizada aqui para “querer” é a mesma usada anteriormente “yelw thelo ou eyelw ethelo” e está palavra está no tempo aoristo[5], na voz ativa[6] no modo indicativo[7], ou seja há uma ação executada , que corresponderia ao modo indicativo do pretérito perfeito no português, da mesma forma do “eu quis”, diferindo apenas, este estar na primeira pessoa.

Muito claro aqui então o conflito de interesses, “eu quis” versus “vós não quisestes”

38 Eis é deixada a vós a casa vossa deserta.

39 Digo pois a vós, de modo nenhum me vereis desde agora até que digas: Bendito o que vem em (o) nome de (o ) Senhor.[8]

A partir deste versículo temos a conseqüência de uma ação humana, que, pelo vimos que, Deus tentou impedir, o futuro do povo hebreu estava aberto, tantas vezes quis Deus que a decisão do povo fosse outra, mas chega-se a um ponto em que as alternativas para o povo ficam escassas, e Deus aponta a conseqüência dos seus atos . E novamente existe aqui uma condicionante que pode mudar o destino que se apresenta, “até que digas (...)”, parece claro que o futuro neste momento depende de uma ação do indivíduo, ou mais precisamente da ação de um povo.



[1] STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. – Constante na Bíblia On-line (Módulo Avançado.)

[2] O Perfeito grego corresponde ao Perfeito na língua portuguesa, e descreve uma ação que é vista como tendo sido completada no passado, uma vez por todas, não necessitando ser repetida. – idem - STRONG

[3] A Voz Passiva representa o sujeito com sendo o que recebe a ação. Por exemplo, na sentença "O rapaz foi batido pela bola," o rapaz recebeu a ação. – idem - STRONG

[4] STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. – Constante na Bíblia On-line (Módulo Avançado.)

[5] O Aoristo é caracterizado por sua ênfase na ação puntiforme; isto é, o conceito do verbo não leva em consideração o tempo passado, presente, ou futuro. Não existe um equivalente claro ou direto para este tempo em Português, embora seja geralmente traduzido como um passado simples na maioria das traduções.Os fatos descritos pelo aoristo são classificados num certo número de categorias pelos gramáticos. A mais comum destas descreve a ação como tendo iniciado de um certo ponto ("aoristo incoativo"), ou tendo terminado num certo ponto ("aoristo cumulativo"), ou meramente existindo num certo ponto ("aoristo punctilinear"). A categorização de outros casos pode ser achada em gramáticas gregas. STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. – Constante na Bíblia Online (Módulo Avançado.)

[6] Voz Ativa representa o sujeito como o agente ou executor da ação. Por exemplo, na sentença "O rapaz chutou a bola", o rapaz executa a ação. Strong (Ibidem)

[7] O Modo Indicativo é uma simples afirmação de fato. Se uma ação realmente ocorre ou ocorreu ou ocorrerá, será expressa no modo indicativo.Strong (Ibidem)

[8] Tradução direta constante em Novo Testamento Interlinear Grego – Português – SBB, 1ª edição – 2004 – pg. 98

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